segunda-feira, 26 de abril de 2010

Neo estava certo?


Estava eu em meu quarto, lendo, estudando, ouvindo música ou fazendo qualquer outra coisa que as pessoas fazem quando estão em seus quartos, apenas me isolando do mundo para ter um pouco de privacidade. De repente, meu celular toca. Atendo. É ninguém menos que minha mãe. Conversamos por alguns segundos, talvez um minuto. Por fim ela me chama para descer para o almoço. Sim. Ela está no andar debaixo, na sala.
Essa é uma situação muito comum no meu e no dia a dia de milhares de outras pessoas. E um dia desses me fez pensar: se já nos comunicamos dessa forma hoje, imagine como será daqui a dez ou quinze anos?

Atualmente, a modernidade nos leva para diversos caminhos. Ter um computador de última geração, um IPod, um celular que faz tudo – mas na hora em que você mais precisa não tem crédito nem para fazer uma ligação – são algumas das coisas essenciais para se viver atualmente. Essa corrida maluca atrás de tecnologia, se por um lado é boa, por outro pode ser quase prejudicial.
A maioria das pessoas (e eu também, como explicado no exemplo acima) se isola em seus mundinhos, ouvindo suas músicas no caminho para o trabalho ou para a faculdade. As conversas não se dão mais pessoalmente, a interação se dá por e-mail, MSN, ou pior, via 140 caracteres da mais famosa rede de relacionamento, o Twitter.
Jogos virtuais são criticados por serem muito violentos, pais proíbem seus filhos de jogar, menores de 16 não podem entrar em lan houses desacompanhados.
Relações são mantidas pela internet, sem se perceber que essa relação se dá com uma máquina, mesmo havendo uma câmera para aumentar a interação. Há algum problema na realidade virtual? Em um jogo como The Sims, o jogador pode ficar tão entretido com sua “vida” virtual que pode esquecer de viver a sua vida real?

Cada vez mais e mais pessoas se conectam, os flash mobs – mobilizações feitas pela internet – são organizados pela rede e as pessoas comparecem nas ruas. O movimento “Fora Sarney” é um exemplo disso. (Aqui cabe a questão: esses movimentos, conduzidos em grande parte por pessoas jovens, podem realmente mudar nosso país? Ou isso nos faz ter uma sensação de participação na vida política, mas, no final, não estamos fazendo nada?).
Alta tecnologia, robôs inteligentes, celulares terceira geração. É a globalização, que chegou, finalmente, ao Terceiro Mundo. Será? Ainda vejo pessoas morando nas ruas, passando fome e frio. Isso só aqui no Brasil, sem falar na África, onde a situação é muito pior.

Todos conectados.

Todos conectados?

Significa então que, ao mesmo tempo em que eu posso saber das intimidades de uma pessoa, ela pode saber da minha também. As redes de relacionamento deixam isso bem claro, sendo que no Orkut, a mais famosa delas e que é praticamente dominada pelos brasileiros, pode-se colocar fotos, vídeos, telefones, endereço, e isso serve para quase todas as outras redes.

Não é possível saber onde vamos parar. Seria tão distante um futuro como o do filme Matrix? Ou teremos nosso próprio Big Brother, como imaginou George Orwell em sua distopia 1984?



Tudo bem que imaginar um futuro tão "promissor" quanto esses pode soar pessimista, mas não nos assustamos mais quando vemos o jornal anunciar que inventaram um robô capaz de imitar gestos e expressões faciais dos humanos, chegando ao ponto de, até mesmo, "mostrar seus sentimentos". Se isso nos parece tão normal, um amanhã pessimista pode não estar tão longe assim...


2 comentários:

  1. Acho que a maior resposta pra isso é que as pessoas estão preguiçosas. Beem mais preguiçosas. Eu sou um belo exemplo. E vão se tornar cada vez mais preguiçosas de acordo com o aumento da "tecnologia confortável". Sei lá, acho que a situação não é nada grave, só tem uns doidos aí que viciam demais nas coisas, mas isso acontece com as drogas e chocolate também. A realidade no mundo não é a virtual.

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  2. Minha mãe costuma fazer o mesmo: me ligar pra chamar pra almoçar.

    O comentário: "Todos conectados. Todos conectados?" faz realmente muito sentido!

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